Escotismo e Tradicionalismo

Na primeira coluna de 2011, Antonio Augusto Fagundes escreve sobre a estreita ligação entre o tradicionalismo e o escotismo. Confira o texto na íntegra, publicado em Zero Hora de 31.12.10 e 01.01.11.

A ligação entre o escotismo e o tradicionalismo é, antes de mais nada, histórica. Paixão Côrtes e Darcy Fagundes eram guris do Colégio União, em Uruguaiana, quando se conheceram na tropa de escoteiros Caio Viana Martins. Num porão do velho prédio, os guris se reuniam e diziam versos gauchescos, especialmente os de Vargas Neto. Até hoje lá está o porão que virou história, devidamente preservado.

Glaucus Saraiva era monitor da Patrulha do Quero-Quero, em Porto Alegre, quando teve a ideia de agauchar o escotismo. Um dos seus escoteiros era Flávio Ramos, outro era Hélio Mariante. Eles organizaram a estância do Quero-Quero, a qual usou por vez primeira a nomenclatura campeira de estância, galpão, patrão, capataz, sota-capataz e peão, tudo na invenção do Glaucus, que mais tarde a implantaria no 35 CTG. Não é demais lembrar que essa nomenclatura campeira hoje é usada por todo e qualquer CTG no Rio Grande do Sul, no Brasil e no mundo. E tudo nasceu em uma patrulha de escoteiros transformada em estância tradicionalista.

Carlos Galvão Krebs, o grande folclorista que foi o meu mestre, foi também um brilhante escoteiro em Santa Cruz do Sul e lembrava com carinho as excursões que fizera, especialmente um acampamento no alto do Cerro do Botucaraí. Eu fui escoteiro, fundador da tropa Anhanguera, ligada à igreja Metodista, no Alegrete. Meu irmão Bagre Fagundes foi escoteiro na minha tropa e vivia passando na “máquina”, corretivo físico comum à época que hoje felizmente o escotismo abandonou.

Alcy José Vargas Cheuiche foi “lobinho” na minha tropa, sério e disciplinado até hoje. Até hoje nós nos cumprimentamos como escoteiros quando nos encontramos. O “Louco” Dorotéu Fagundes foi um brilhante escoteiro na tropa Caio Viana Martins, comandada pelo lendário chefe Pedroso. Agora mesmo o “Louco” Dorotéu está organizando a primeira tropa montada dos escoteiros do Brasil (só se conhece uma outra na Europa). Para essa tropa, o “Louco” já conta com os seus três filhos, todos excelentes violões, grandes cavaleiros. Para o meu desvanecimento, o “Louco” deu a essa tropa o meu nome.

E agora fiquei sabendo que dois jovens escoteiros lá nos Estados Unidos receberam ao mesmo tempo a mais alta distinção do escotismo americano: a Eagle Scalp Court of Honor. Esses dois rapazes são brasileiros, tecnicamente gaúchos e são filhos de Alberto Fagundes Schirmer e netos da minha querida irmã Elida Fagundes Schirmer, alegretense como eu, orgulho da minha família, com quatro cursos superiores e que é pastora da Igreja Metodista, a nossa igreja. Daqui do remoto Sul, bato a continência de três dedos aos escoteiros Arthur Schirmer e Bernardo Schirmer.

Sempre Alerta!